Biografias dos artistas

Thomas Ender

Quanto aos modelos utilizados para a elaboração das pranchas, a de número VIII teve como original a lápis e sépia do pintor Thomas Ender, que acompanhou Martius em sua viagem ao Brasil como pintor oficial. Ender permaneceu cerca de um ano e somente realizou a primeira etapa do percurso, do Rio de Janeiro a São Paulo.

Thomas Ender nasceu em Spittelberg (Viena), em 3 de novembro de 1793, estudou na Academia de Belas Artes de Viena, formou-se paisagista e logo ganhou importantes prêmios, tornando-se um protegido do chanceler Metternich. Ender foi professor paisagista na Academia de Viena de 1836 até 1851, onde veio a falecer em 28 de setembro de 1875.

Permaneceu apenas um ano na expedição de Martius e Spix devido a problemas de saúde. Entretanto, realizou desenhos, esboços e aquarelas que retratam com fidelidade panoramas, paisagens, flora, conjuntos arquitetônicos e tipos humanos em cenas cotidianas no Rio de Janeiro, os quais integram o conjunto iconográfico principal de sua obra. Suas imagens dos hábitos das cidades em formação, como as do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, revelam ao europeu um Brasil de beleza incomum.

Vários cientistas viajantes da época ilustraram suas descrições de viagem com vistas da autoria de Ender, entre eles, Johan Emanuel Pohl (1782 - 1834), em sua obra Viagem ao Interior do Brasil. Muitas de suas obras se encontram na Academia de Belas Artes de Viena.

Benjamin Mary

Benjamin Mary (1792-1846) nasceu em Angers na Bélgica, em 21 de janeiro de 1792, e teve seus primeiros contatos com plantas através de seu tio materno Joseph Parmentier, famoso como cultivador de jardins e amplos parques da Europa. Segundo Martius, muito cedo, Mary já era capaz de reproduzir com grande veracidade e realismo a natureza das plantas. Embora Mary tenha vindo ao Brasil como embaixador da Bélgica, percorreu nos anos de 1834 a 1837 as regiões montanhosas da Serra da Estrela e da Serra dos Órgãos, tendo atingido Ubatuba na província de São Paulo. Mary produzia três ou quatro desenhos por dia como se estivesse fotografando a costa marítima da Serra do Mar, a qual percorria a pé ou em canoa. Apesar de não ser cientista e apenas um pintor amador, suas sépias foram utilizadas por Martius em diversas pranchas das Tabulae Physiognomicae.

Após deixar o Brasil em 1838, Mary foi enviado para Atenas. Na Europa, chegou a encontrar-se com Martius, teve seus desenhos elogiados pelo botânico, que fez constar uma pequena biografia sua na descrição da prancha XXXIV.

Seus desenhos pertencem à coleção H. von Martius em Munique.

Johan Jacob Steinmann

Johan Jacob Steinmann, introdutor da litografia no Brasil, nasceu na Basiléia, Suíça, em 17 de setembro de 1800, onde também morreu em 20 de junho de 1844. Iniciou seus estudos em 1821, e fez parte do estabelecimento litográfico de Godefroy Engelmann, em Mulhouse, Alsácia, vizinha de sua cidade natal. Aperfeiçoou-se em Paris com Alois Senefelder, o inventor da litografia.

A vinda de Steinmann para o Brasil resultou do contato de um representante do governo brasileiro em Paris em agosto de 1825, quando foi contratado como Litógrafo do Imperador ou Litógrafo Oficial, subordinado ao Arquivo e Academia Militar.

Viajou para o Brasil e desembarcou no Rio de Janeiro em outubro de 1825, quando apresentava apenas 24 anos, acompanhado de mulher e filha. Embora D. Pedro I lhe tenha dado autorização para utilizar os equipamentos para serviços particulares e comerciais, foi vetado pelo Comandante Chefe da Academia Militar, Joaquim Norberto Xavier de Brito e pelo ministro seu superior.

Durante cinco anos Steinmann litografou mapas e outros impressos para o Arquivo Militar na Impressora Cartográfica Oficial do Primeiro Império sendo que, em 1830, ao final do seu contrato com o governo de D. Pedro I, montou sua própria oficina, onde litografou folhas avulsas retratando costumes, tipos populares do Rio de Janeiro e alguns mapas.

Em 12 de fevereiro 1833, após mais de sete anos de permanência no Brasil, Steinmann retornou à França. No ano seguinte, em 1834, na Basiléia, foram editadas em forma de álbuns ou folhas soltas agrupadas, coleções de pranchas de águas-tintas aquareladas, atualmente consideradas preciosas pelos colecionadores. Retratando cenas naturais e paisagens urbanas brasileiras, essas edições intituladas Souvenirs de Rio de Janeiro foram gravadas por Salathé a partir de desenhos do próprio Steinmann, realizados durante sua permanência no Rio de Janeiro.

Existem edições datadas de 1834, 1835 e 1836, sendo que, aquelas datadas de 1839 são provavelmente as mesmas da edição de 1836. A Casa Laemmert, que as comercializou no Rio de Janeiro a partir de fins do ano de 1839, pode ter alterado a data de modo a conferir-lhes maior atualidade. Talvez essa também seja a razão de alguns exemplares, atualmente em bibliotecas, apresentarem em branco a data de publicação.