Prancha VIII
Comentário de Heitor de Assis Junior
A floresta primitiva que sombreia a estrada entre Jacareí e a aldeia da Escada na Província de São Paulo.
Na descrição, Martius refere-se à quantidade menor de húmus encontrada nestas florestas tropicais,
quando comparadas àquelas das florestas temperadas européias, afirmando que sua disponibilidade é
muito menor e que seria levado pelas chuvas tropicais dos montes para os rios e que outra parte,
em virtude do calor muito forte, seria rapidamente dissolvida.
É interessante observar os detalhes da vegetação formando uma verdadeira bordadura na região erodida
do solo e a presença do viajante que já vai desaparecer na curva da trilha da floresta. Martius
declara ter se sentido comovido com o aspecto rude, triste e inóspito. Do mesmo modo lhe pareceu
ameaçador e feroz os semblantes dos habitantes constituído pelos "caryôs" ou "guarûs". Martius
lamenta o fato desses indígenas se encontrarem privados de sua nação, dizimados pela varíola,
pelas armas dos colonos cristãos e, apenas alguns sobreviventes dispersos e deformados
convivendo entre os civilizados.
Martius afirma que a árvore ao centro é a Guatteria ferruginea, mais à direita a Lecythis de casca
escura. Na frente, acima do homem, a folhagem fechada de Pomatium oppositifolium e mais
para o alto a Moldenhawera floribunda. A palmeira de folhas estreitas é a
Bactris setosa. O compacto arbusto Solena bullosa Vell. É entremeado pelas
enormes folhas multífidas do Anthurium digitatum. Do lado esquerdo, troncos
delgados da Mayna brasiliensis e da Talauma ovata. Na parte anterior, entre outras,
o Ingá communis.
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